quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FRASES DE RUBEM ALVES

Professores há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. (Rubem Alves)

Os programas de aprendizagem a que nossas crianças e adolescentes têm que se submeter nas escolas são iguais à aprendizagem de receitas que não vão ser feitas. Receitas aprendidas sem que se vá fazer o prato são logo esquecidas. A memória é um escorredor de macarrão.
(Rubem Alves)

Acho que as escolas terão realizado a sua missão se forem capazes de desenvolver no aluno o prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem ama ler tem nas mãos as chaves do mundo.
(Rubem Alves)

A vida é para ser brincada. Tudo o que se aprende na escola – geografia, física, química, biologia, matemática – são bolinhas de gude: objetos de prazer.
(Rubem Alves)

Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre mais. (Rubem Alves)
Há cursos de oratória. Não há cursos de escutatória. Todos querem aprender a falar. Ninguém quer aprender a escutar.
(Rubem Alves)

Não busco discípulos para comunicar saberes. Os saberes são encontrados em livros. Busco discípulos para plantar neles as minhas esperanças.
(Rubem Alves)
As pessoas nascem com os olhos maravilhados das crianças. Pela educação vão ficando cegas. Primeiro viram toupeiras; depois minhocas.

(Rubem Alves)
As escolas, frequentemente, formam antas: pessoas que não se atrevem a sair das trilhas costumeiras, por medo da onça. Nas escolas as crianças aprendem a ter medo de ousar. É mais seguro andar pelas trilhas já batidas pelos professores. (Rubem Alves)

Livros comidos com prazer são livros a serem ruminados pelo resto da vida. Livros não-ruminados são livros esquecidos. Ruminam-se num tempo de vagabundagem, de paciência e pachorra, tempo quando não se pasta. Mas essas virtudes, ruminação, os educadores não conseguiram incluir em suas pedagogias. (Rubem Alves)

Não existe nada mais fatal para a inteligência que o ensino das respostas certas. As escolas deveriam se dedicar menos ao ensino das respostas certas, e mais ao ensino das perguntas inteligentes. As respostas certas nos permitem andar nos caminhos batidos. Somente as perguntas nos seduzem a entrar no mar desconhecido. (Rubem Alves)

As escolas, tão preocupadas em desenvolver os saberes que moram na cabeça, não têm sequer noção da sabedoria que mora no corpo.
(Rubem Alves)

O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositado num ventre vazio. O sêmen do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em fazer sonhar.
(Rubem Alves)

Parece que as escolas são máquinas de moer carne: num extremidade entram as crianças, com suas fantasias e seus brinquedos. Na outra saem rolos de carne moída, todos iguais, prontos para o consumo, “formados” em adultos produtivos. (Rubem Alves)

A tarefa do professor: mostrar a frutinha. Comê-la diante dos olhos dos alunos. Erotizar os olhos. Provocar a fome. Fazê-los babar de desejo. Acordar a inteligência adormecida. Aí a cabeça fica grávida: prenhe de idéias. E quando a cabeça engravida, não há nada que segure o corpo.
(Rubem Alves)

“Formatura”: “formar” é colocar na fôrma, fechar. Um ser humano “formado” é um ser humano fechado, emburrecido. Educar é abrir. Educar é “desformar”. Uma festa de “desformatura”...
(Rubem Alves)


Nossos currículos pressupõem que todo saber é bom. Se isso fosse verdade, teríamos de aprender tudo o que há para ser aprendido - que é tarefa impossível. Quem acumula muito saber, só prova um ponto: que é um idiota de boa memória. Não faz sentido aprender a arte de escalar montanhas nos desertos, nem a arte de fazer iglus nos trópicos. Na vida, a utilidade dos saberes se subordina às exigências práticas do viver. O mar é logo; a vida é curta.
(Rubem Alves)

Prova de inteligência não é possuir todas as ferramentas. É possuir as ferramentas de que se vai necessitar. Sabedoria oriental: “O tolo soma ferramentas. O sábio diminui as ferramentas”. O importante não é ter. É saber onde encontrar. (Rubem Alves)

Os grande mestres na história da humanidade só tinham, à sua disposição, um recurso: a fala.
(Rubem Alves)

Não avalio as crianças em função dos saberes. São os saberes que devem ser avaliados em função das crianças. Um educador não está a serviço de saberes. Está a serviço dos seus alunos.
(Rubem Alves)

A diferença entre professores e educadores está no olhar. Os olhos dos professores olham primeiro para os saberes. Seu dever é cumprir o programa. Depois eles olham os alunos, para ver se eles apre deram os saberes. Para professores, saberes são fins; alunos são meios. Os olhos dos educadores, ao contrário, olham primeiro para os alunos “degustem” os saberes. Todo saber deve ser saboroso. (Rubem Alves)

Não basta que o aluno conheça o mundo. É preciso que ele deguste o mundo. Não basta que o aluno tenha ciência. É preciso que tenha sapiência. Sapiência é a arte da degustação. Sapio = eu degusto. (Rubem Alves)


Nenhum comentário:

Postar um comentário